No outro dia aconteceu me um episodio que me pôs a pensar na vida e como tal tive de vir para aqui falar sobre ele não me chamasse eu Ivânia.
Estava na aula de português e iamos receber os testes. Toda a turma estava apreensiva porque aquela professora tem o hábito de comentar cada teste individualmente à frente de toda a gente e ela é conhecia pelo uso excessivo de sarcasmo (por isso já estão a perceber porque que é que estávamos todos a tremer). No meu não disse nada de especial por isso limpei o suor da testa (metafóricamente) e até comecei a pensar que ia ter boa nota.
Português é aquela disciplina que adoro porque acho a matéria muito interessante mas que, por alguma razão obscura, nunca consigo ter grandes notas nos testes. Quando a professora me entrega o enunciado e vejo que tive 17,5 até me deu uma coisinha má. "Não acredito que tirei isto, é espetacular!" pensei eu. Imediatamente visualizei o momento em que dizia ao meu pai a nota e ele ficava todo contente (isto porque no dia anterior tinha recebido o teste de matemática e as coisas não estavam muito famosas).
Durante a correção alguns colegas alertaram a professora que o teste deles estava mal cotado e que tinham pontos a menos e por isso, ela pediu que toda a gente verificasse se estava tudo bem com os testes. Quando estava a corrigir o meu vejo que ela me contou duas escolhas múltiplas certas quando na verdade estavam erradas. Fiquei imediatamente sem saber o que fazer: dizer ou não dizer? É que aquilo alterava muito a nota (1,2 valores to be exact) e já estava tão apegada ao meu raro 17,5 que não queria vê-lo transformado num 16.
Acabei por decidir que a única coisa justa a fazer seria dizer a verdade e levar o teste à professora para que ela retirasse a cotação certa. Toda a gente me deu nas orelhas e disse que tinha sido estúpida e ingénua por fazer aquilo e alguns até olharam para mim com olhares de reprovação.
Naquele momento achei injusto para os restantes colegas ter ficado calada e sei que não iria ficar bem com a minha consciência se não o fizesse mas, por outro lado, quando me for candidatar à faculdade ninguém vai querer saber se sou boa ou má pessoa, se sou justa ou injusta, se tenho espírito participativo ou não. Só vão olhar para a média. Por isso pergunto: não era melhor ter ficado caladinha no meu canto? É que neste país o que conta são números, tanto faz que sejas uma pessoa interessada, completa, cheia de actividades curriculares como uma pessoa que só se dedica ao estudo 24/7. Se só houvesse uma vaga, adivinhem quem entraria?
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